14 julho, 2007

Jos Verstappen e o canto do cisne da Simtek

Jos Verstappen tem uma torcida pessoal das mais fanáticasQuando eu soube que Christijan Albers perdeu o lugar na Spyker, fiquei um tanto desapontado por saber que o principal piloto holandês da categoria nas últimas décadas, e da mesma nacionalidade da equipe, Jos Verstappen, não estava cotado entre os candidatos à vaga. Bom, é certo que ele já está meio "velhinho" (35 anos), mas mesmo assim continua em atividade no time holandês da A1GP. Será que faltou patrocinador? Afinal, a Spyker já declarou estar leiloando a vaga a quem puder pagar mais.

Verstappen não teve uma carreira das mais brilhantes. Começou impressionando em testes com a McLaren no final de 93, e em 94 estreou na Benetton. Verstappen foi um piloto itinerante, mudando de equipe a cada temporada e jamais tendo condições de brigar por boas posições.

Vale lembrar o grande momento da sua carreira, na minha opinião. Era o Grande Prêmio de Buenos Aires, no circuito Oscar Galvez, em 1995. O holandês pilotava nada menos do que a Simtek, a mesma cadeira elétrica que foi reprovada no crash test no início de 94, a bordo da qual morreu Roland Ratzemberger e que quase levou também o italiano Andrea Montermini um mês depois, a mesma cadeira elétrica que só conseguiu participar de todas as provas de 94 porque sua "rival", a Pacific, era lenta demais e ficava quase sempre de fora dos 26 a largar. Mas enfim, parece que as coisas mudaram um pouco de um ano para o outro, apesar do orçamento mais curto, pois naquele dia Verstappen largava na décima quarta posição, seis posições à frente de Mimo Schiatarella, seu companheiro de equipe.

Verstappen segue no bolo com o primeiro carro roxo com a inscrição XTC em amarelo.Era um domingo cinzento. Lembro que Carlos Reutemann sentou numa Ferrari de 94 para umas voltas de exibição antes da corrida, e cravou um tempo suficiente para largar em 14º ou algo assim, para delírio da torcida. Na largada David Coulthard pulou na pomta, Eddie Irvine se envolveu num acidente com Mika Hakkinen e Jean Alesi, que fez corrida brilhante chegando em segundo. Verstappen largou bem e foi conquistando posições. E não apenas porque ele havia escapado do acidente: em poucas voltas ele assumiu a quinta posição, ultrapassando a Ferrari de Gerhard Berger no final da reta dos boxes! Foi a cereja do bolo! Lembro de assistir pela televisão de achar tudo muito surreal.

Foi uma pena quando, na volta 23, o motor Ford Cosworth da Simtek estourou e o holandês teve que abandonar a prova. Schiatarella terminou em último. Foi o canto do cisne da Simtek. Três corridas depois a equipe fechou as portas por falta de dinheiro, pois a MTV retirou seu patrocínio. Verstappen correu até 2003, algumas vezes apenas tapando buraco de algum piloto demitido. Mas se eu fosse ele, de todas as mais de 100 provas, lembraria sempre daquela em que a mágica quase aconteceu, um dia em que a Simtek quase deu certo nas minhas mãos.

2 comentários:

Matheus Gagliano disse...

Verstappen realmente teve uma carreira incomum na Fórmula 1. Além de levar a Simtek a uma posição jamais imaginada para a equipe ele se envolveu em dois acidentes espetaculares em seu ano de estréia. Primeiro no GP do Brasil, ele foi protagonista de uma capotagem impressionante, provocada por Eddie Irvine. No GP da Alemanha, o Benetton dele pegou fogo, durante uma parada para reabastecimento. Uma carrira inconfundível, sem dúvida alguma. Uma pena que esteja fora do mercado..

Anônimo disse...

Essa ultrapassagem que "The Boss" fez sobre Berger foi maravilhosa!! Como é que um carro fraco como a Simtek ultrapassa uma Ferrari, com um piloto da estirpe de Berger? Isto foi o cúmulo da humilhação! Berger ainda deve estar bastante lembrado da ultrapassagem que tomou daquela "berinjela ambulante" que levou Ratzenberger, quase mandou Montermini junto, penou com Inoue, com Schiattarella, disputou todas as corridas só com David Brabham... Ah, meu Deus!!!